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A quem o vereador deve sua lealdade?

É curioso observar como, em muitas cidades, o entusiasmo e os discursos apaixonados de campanha acabam se dissipando rapidamente após a eleição. No período em que pedem votos, alguns vereadores se apresentam como porta-vozes do povo, defensores de causas populares, comprometidos em representar os anseios da comunidade. No entanto, depois que a poeira eleitoral baixa, nota-se que as prioridades parecem mudar de endereço.

Em vez de manter a sintonia com quem lhes confiou o mandato, muitos acabam afinando o tom de suas ações de acordo com interesses de outros políticos mais influentes. Tornam-se fiéis não necessariamente ao cidadão comum, mas às alianças que garantem favores, cargos ou visibilidade. O discurso da independência se torna silêncio diante de certas decisões, e aquilo que deveria ser voz do povo se converte em eco de conveniências.

Essa inversão, embora sutil aos olhos de alguns, é perceptível para quem acompanha de perto a vida pública. A sensação que fica é a de que o eleitorado, mais uma vez, foi ouvido apenas até a urna. Depois disso, prevalece a lógica de que manter vínculos políticos pode ser mais estratégico do que manter compromissos com a comunidade.

No fim, a questão que permanece é simples, mas poderosa: a quem serve o mandato — ao povo que vota ou às figuras que ditam os rumos do poder nos bastidores?

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